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domingo, 23 de fevereiro de 2014

Ângela Bismarchi dá adeus à Sapucaí: “Cobram mais de R$ 100 mil”

Ângela Bismarchi (Foto: fábio cordeiro)

Modelo tradicional dos desfiles do Rio, Ângela se recusa a pagar valor exorbitante pelo posto de rainha de bateria e decide, após 15 anos, se afastar da festa que a consagrou como musa.
Figura tradicional do Carnaval, Ângela Bismarchi, 47 anos, quer distância da folia. Depois de 15 anos marcando presença nos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro e de São Paulo, a empresária carioca, que ficou conhecida por se submeter a várias cirurgias plásticas e também por causar muitas polêmicas, está
 dando adeus à Avenida. 
“Esse ano o meu coração está pedindo para eu dar um tempo. Essa minha decisão não tem nada a ver com idade, nem com o corpo. Estou na minha melhor forma”, garante. De acordo com a loura, as mudanças que vêm ocorrendo nos bastidores do mundo do samba contribuíram pelo seu desinteresse em fazer parte dessa grande festa popular. “O Carnaval não está a mesma coisa de quando eu comecei. Hoje em dia, se vende o posto de musa, de rainha. Pagar a fantasia não é problema, eu sempre fiz a minha, mas pagar pelo posto, eu não pago”, diz.


Para este ensaio, Ângela junta suas malas, que guardam as tantas histórias que protagonizou em mais de uma década de Sapucaí, e parte para um descanso forçado. Isso porque ela se recusa a pagar algum valor para desfilar. “Costumam cobrar mais de R$ 100 mil pelo posto de rainha. Já o de musa gira em torno dos R$ 80 mil. Eu sei de duas escolas que não fazem isso, a Grande Rio e a Beija-Flor. Essas dão até a fantasia”, conta.

Além desse suposto comércio, um episódio recente também fez com a musa de tantos carnavais tivesse a certeza de que estava tomando a decisão certa ao decidir ficar de fora dos Sambódromos do Rio e de São Paulo. “O que fizeram com a Ana Paula Evangelista (que perdeu o posto de Rainha de Bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel faltando menos de um mês para 
o carnaval) foi uma sacanagem. Esse é um exemplo muito claro de como as coisas estão acontecendo esse ano. Não vou dizer que é para sempre, mas agora eu vou dar um tempo.” 
Ângela Bismarchi (Foto: fábio cordeiro)Casada há 10 anos com o cirurgião plástico Wagner Moraes, a autora do livro Os Dez Mandamentos do Amor e fazendo sucesso na Internet com o funk “Tira o olho da mamãe”, a empresária não sente mais necessidade de fazer tantos procedimentos estéticos. “Tenho segurado o corpo na alimentação, na malhação. Até nisso a minha cabeça mudou”, diz. A possibilidade de posar nua novamente também é descartada. "Não sairia mais totalmente nua em uma revista. Já fiz muito. Chega! Estou mais espiritualizada. Passei a frequentar grupos de oração. Sou católica, evangélica, enfim, eu creio em Deus, em Jesus Cristo. Passei a escutar mais a palavra de Deus.”

A seguir, Ângela abre suas malas e baús de recordações para comentar suas passagens que mais deram o que falar ao longo dos 15 anos que desfilou ininterruptamente.

Confiram mais fotos aqui:


Na sua estreia na Porto da Pedra, Ângela Bismarchi quase foi presa ao ser acusada de ter desfilado nua com a bandeira do Brasil pintada em seu corpo. “Isso marcou muito, até porque foi uma mentira. A verdade é que eu estava de tapa-sexo. Fui fotografada pela Liga das Escolas de Samba, que comprovou que eu não estava nua. E a bandeira estava estilizada, não era exatamente a bandeira do Brasil. Mas quando eu desci do carro alegórico, tinha um delegado pronto para me prender. Tomei um susto. Mas não deu em nada e a mídia ainda ficou toda em cima de mim.”
Ângela Bismarchi (Foto: fábio cordeiro)


Tornar público que tinha feito uma cirurgia íntima para a retirada de uma pele que a incomodava na região genital custou a perda de um posto de destaque na Portela no carnaval de 2005. “O Nilo Figueiredo (então presidente da Portela) me desligou da escola porque saiu na mídia que eu tinha feito uma cirurgia plástica íntima. Ele achou que eu não devia ter contado aquilo e resolveu me tirar do desfile. O pior é que eu já estava com a fantasia praticamente pronta. Mas a Caprichosos de Pilares me acolheu e tudo certo.”


No desfile da Porto da Pedra, a loira virou alvo de comentários maldosos. “Disseram que o meu tapa-sexo tinha caído no chão no meio da Avenida e que eu me abaixei para pegar. Isso não aconteceu. Nesse ano eu era a rainha de bateria e também me criticaram porque a minha fantasia tinha um brilhante
 gigante que comprei no exterior. Mas não tive a intenção de ostentar.”



Pela segunda vez consecutiva como rainha da Porto da Pedra, a empresária fez com que todos os flashes apontassem para a sua direção. Não era para menos. Como o enredo da escola falava do centenário da imigração japonesa, ela se submeter a uma cirurgia plástica para orientalizar os olhos. “Estava todo mundo curioso para ver como estavam os meus olhos. Entrei morena e com os olhos puxados. Incorporei uma gueixa na Avenida. Achei que foi uma das fantasias mais bonitas que já usei.”
Ângela Bismarchi (Foto: fábio cordeiro)
Destaque do Salgueiro em 2009, Ângela inovou ao entrar na Marquês de Sapucaí virgem. O feito foi graças a uma intervenção cirúrgica de reconstituição do hímen. “Tive a ideia durante uma entrevista para o programa TV Fama, em que me perguntaram qual seria a novidade para aquele Carnaval. Aí, eu falei q
ue ia voltar a ser virgem para casar de novo. Acabei fazendo a plástica e entrei virgem na Avenida. Foi bom pra apimentar o relacionamento.”
Ângela Bismarchi (Foto: fábio cordeiro) Ela voltou a causar polêmica ao desfilar vestida de diaba em frente a um carro alegórico da Mocidade Independente de Padre Miguel que simbolizava uma igreja. “Essa fantasia não me agradou. Não me senti bem, era como se eu estivesse representando o mal. Senti uma energia esquisita, não fiquei à vontade. Não foi uma polêmica positiva. Preferia ter vindo de anjo. Hoje, não colocaria uma fantasia assim. Fiz pelo amor ao Carnaval.”
Pouco antes do desfile da Tom Maior, de São Paulo, Ângela se desentendeu com o designer W. Veríssimo por desistir de sair com o corpo pintado. Quase foi processada. "Quando combinei a pintura, não sabia que o carro alegórico que eu vinha ia estar cheio de crianças. Quando tomei conhecimento disso, desisti da pintura e usei uma fantasia. Ele não foi compreensivo, mas eu não poderia vir com corpo pintado ao lado de crianças."

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