MG: Justiça condena
Marcos Valério a 9 anos por sonegação
A Justiça Federal de
Minas Gerais condenou o empresário Marcos Valério e seus sócios na empresa
SMP&B, Cristiano de Mello Paz e Ramon Hollerbach Cardoso, a nove anos de
prisão pela prática de crimes de sonegação fiscal e falsificação de documento
público.
A sentença foi
proferida pela 11ª Vara Federal de Belo Horizonte no dia 7 de fevereiro e será
publicada no Diário Oficial da União na
próxima semana. O juiz tomou por base a acusação do Ministério Público Federal
(MPF) de que a empresa SMP&B reduziria tributos e contribuições federais
como IRPJ, CSLL, PIS, Cofins e IRF entre os anos de 2003 e 2004, por meio de
diversas condutas fraudulentas.
Outra fraude detectada
pela Receita diz respeito à movimentação bancária efetuada pela empresa junto a
diversos bancos: vultosos recursos entraram e saíram de suas contas, a maioria
deles lançados a título de empréstimos para o Partido dos Trabalhadores (PT),
mas com registros incorretos na contabilidade original da SMP&B.
Segundo a denúncia, o
valor da sonegação, atualizado até a data de 18/12/2007, atingiu mais de R$ 90
milhões. Os réus poderão recorrer da sentença em liberdade.
Em dezembro do ano
passado, a Polícia Civil de Minas Gerais prendeu Valério por suspeita de
grilagem de terras no município de São Desidério, na Bahia. Conforme a polícia,
o acusado usava fazendas inexistentes para dar golpes em empresas e na Fazenda
Nacional. Além do empresário, mais 15 pessoas foram presas.
O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou
denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado
em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou
conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam
pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz
Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o
cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos
colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.
No relatório da
denúncia, o ministro Joaquim Barbosa apontou como operadores do núcleo central
do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o
ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio
Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e
Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.
Em 2008, Sílvio Pereira
assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais
processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas
de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José
Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na
denúncia.
O relator apontou
também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto
pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e
Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone
Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação
de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
A então presidente do
Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius
Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão
fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia,
Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de
divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é
processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique
Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O ex-presidente da
Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção
passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR
(ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.
Em
julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do
processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora
o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro
do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de
provas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário