De acordo com um laudo da Polícia Federal, os gastos do senador Fernando Collor (PTB-AL) com cartão de crédito entre os anos de 2011 e 2013 foram incompatíveis à renda declarada por ele à Receita Federal.
Nos dois anos investigados, as faturas de três cartões de crédito de Collor somaram pouco mais de 3 milhões de reais, enquanto seu rendimento declarado no período foi de cerca de 700 mil, já considerados os descontos.
O senador está sendo investigado na Operação Lava Jato por suspeita de receber propina de corrupção e o laudo pericial foi anexado ao inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF).
"A movimentação com cartão é incompatível com os rendimentos declarados", afirma o documento.
A investigação revela que o senador gastou quase cinco vezes mais do que declarou entre 2011 e 2013. Apesar de ser sócio das empresas Água Branca Participações, Tv Gazeta e Gazeta de Alagoas, Fernando Collor só incluiu nas declarações de imposto de renda os rendimentos do Senado.
Collor foi eleito presidente da República em 1989 e assumiu em 1990, ficando apenas dois anos no cargo, quando sofreu impeachment e renunciou à presidência. Em 2007 voltou à política como senador e em 2015 foi reeleito.
O laudo apresenta também um “montante expressivo” de empréstimos contraídos pelo senador junto à TV Gazeta de Alagoas que ajudaram o petebista a justificar o crescimento patrimonial.
"Se não tivesse o empréstimo, o crescimento patrimonial seria incompatível. Há indícios de empréstimos fictícios", concluiu a PF.
A perícia achou “desproporcional” o fato de Collor ter apenas 12,28% da TV para contrair os empréstimos milionários.
Um dos empréstimos correspondeu a 110 vezes mais que o patrimônio do senador. Outro laudo foi feito pela PF e as suspeitas sobre os repasses da TV Gazeta Alagoas para Collor foram reforçadas.
As investigações descobriram que os valores eram depositados na conta da TV e no mesmo dia eram repassados para duas contas da firma e depois transferidos para contas do senador, integralmente ou em parte.
Nesta quinta-feira (19) uma reportagem da Folha de São Paulo revelou que parte do dinheiro foi usado para pagar prestações de carros de luxo apreendidos pela PF e já liberados.
O laudo da Polícia Federal identificou 469 depósitos de 2.000 reais entre 2011 e 2014, totalizando 938.000 reais e 46 depósitos de 1.500 reais num total de 69.000 reais. De acordo com o Banco Central, as repetições podem indicar lavagem de dinheiro.
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