Valéria
Levitin vive na pele – e no osso – as consequências da anorexia. Aos 39 anos e
medindo 1,73 m de altura, ela pesa somente 26,8 kg, menos da metade do mínimo
que deveria ter para ser considerada uma pessoa saudável. No entanto, em vez de
ser vista como a personificação do perigo dos distúrbios alimentares, Valéria é
modelo para muitas meninas que sonham ter seu corpo“Todas as cartas que recebi
são de mulheres, principalmente com cerca de 20 anos, que me veem como uma
espécie de inspiração”, disse em entrevista à agência Barcroft Media. “É por
isso que quero lutar contra a anorexia. Eu não vou ensinar ninguém a morrer.
Isto não é um jogo, uma brincadeira,
é a sua vida”, completou.Valéria
desenvolveu a doença ainda na adolescência e hoje luta para vencer o problema,
pois sonha ter uma família. Segundo ela, as críticas recebidas na infância da
mãe, temerosa que a filha se tornasse gorda, e a mudança da Rússia para os
Estados Unidos na adolescência, o que aumentou a pressão para ser magra, são
algumas das explicações para a sua atual aparência esquelética.Na luta contra a
doença, ela afirmou que nunca desistiu de nada na vida e não vai desistir
agora. “Eu tenho que ganhar, para sentir que minha vida não foi desperdiçada”,
desabafou.Para a psicóloga Valéria Lemos Palazzo, coordenadora do Grupo de
Apoio e Tratamento dos Distúrbios Alimentares (Gatda), em São Paulo, o
desenvolvimento da anorexia envolve uma combinação de fatores, que vão além do
propalado culto da beleza e da magreza. “Cerca de 30% da população têm
predisposição genética-hereditária para desenvolver distúrbios alimentares.
Além disso, situações que afetem a pessoa e sobre as quais ela não tem controle
podem funcionar como gatilhos para a doença”, afirma a especialista. Neste
sentido, ao dominar o marcador da balança, a pessoa com anorexia tem uma
sensação, ainda que falsa, de controle. “É claro que há a influência cultural
na questão da anorexia, mas ela não é a única responsável”, disse.
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