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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Mensalão: Ministros vão analisar pedido para incluir Lula, diz advogado


"Lula se portou não como um pateta, mas como um omisso, que traiu a confiança do povo, dentre os quais eu me incluo", disse o advogado de Jefferson, confessando ter votado por mais de uma vez no petista
Foto: Carlos Humberto / STF/Divulgação
Fernando Diniz
Direto de Brasília
O pedido de inclusão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo do mensalão foi uma forma de mostrar como a ação penal era "açodada e incompleta", afirmou nesta segunda-feira o advogado Luiz Francisco Corrêa Barbosa, que defende o presidente do PTB, Roberto Jefferson. O representante do delator do mensalão disse, no intervalo da sessão de hoje no Supremo Tribunal Federal (STF), desconhecer o que seu cliente pensa sobre sua acusação de que Lula era mandante do esquema, mas garante que os ministros vão analisar a questão.

"Foi formalizado. Não sei se vocês notaram, mas todos os ministros anotaram (durante o julgamento)", disse o advogado. "Ela foi sob o enfoque constitucional, como aquela de tema já requisitado que o Márcio (Thomaz Bastos, que pediu o desmembramento do mensalão) revisitou", comparou.
Em sustentação oral nesta segunda-feira, Barbosa afirmou que Lula era o mandante do mensalão, baseando-se em uma Medida Provisória que teria favorecido o banco BMG nas operações de créditos consignados. A denúncia cita empréstimos do BMG e do Banco Rural como fonte financeira do chamado valerioduto. A procuradoria não incluiu ninguém do BMG como réu por não encontrar associação entre os dirigentes do banco e a suposta quadrilha.
Questionado se estaria contrariando o entendimento de seu cliente, que sempre afastou Lula do escândalo, Barbosa disse que é o patrono da defesa e que não poderia se omitir diante de sua "descoberta". "Eu parti para a investigação, era meu papel de advogado. Não há incompatibilidade entre o que ele disse e o que foi apurado por mim", disse o advogado, que afirma desconhecer por que a Procuradoria Geral da República deixou de citar o ex-presidente.
"Isso tem que ser perguntado para ele (o procurador Roberto Gurgel). Eu acho que ele tem esse processo de brincadeirinha, para não pegar quem tinha que pegar", disse, sugerindo que Gurgel premeditou um suposto favorecimento a Lula. "Eu já acho que foi de caso pensado. Isso é uma turma. É um bando de zagueiros do Lula."
O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.
No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.
Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.
O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.
Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas. 

Lula se portou não como um pateta, mas como um omisso, que traiu a confiança do povo, dentre os quais eu me incluo, disse o advogado de Jefferson, .... Foto: Carlos Humberto / STF/Divulgação

Ministros acompanham sexto dia em que as defesas apresentam seus argumentos   Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Ministros acompanham sexto dia em que as defesas apresentam seus argumentos
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil 

Primeira sustentação da sessão foi a do advogado Bruno Alves Pereira de Mascarenhas Braga, que defende Carlos Alberto Rodrigues Pinto, o Bispo Rodrigues  Foto: Carlos Humberto/SCO/STF/Divulgação

O advogado Luiz Francisco Corrêa Barbosa, que defende Roberto Jefferson, disse que Lula não só sabia como ordenou o mensalão    Foto: Carlos Humberto/SCO/STF/Divulgação
O advogado Luiz Francisco Corrêa Barbosa, que defende Roberto Jefferson, disse que "Lula não só sabia como ordenou" o mensalão 
Advogados assistem ao julgamento do processo do mensalão  Foto: Carlos Humberto / STF/Divulgação
Advogados assistem ao julgamento do processo do mensalão
De acordo com Itapuã Prestes de Messias, seu cliente, Emerson Palmieri, então secretário do PTB, desempenha um papel neste processo de fundamental importância. Assim como Jefferson, ele é o segundo denunciante  Foto: Carlos Humberto / STF/Divulgação
De acordo com Itapuã Prestes de Messias, seu cliente, Emerson Palmieri, então secretário do PTB, "desempenha um papel neste processo de fundamental importância. Assim como Jefferson, ele é o segundo denunciante"
O advogado afirmou que Palmieri não recebeu, como afirma a denúncia, R$ 4 milhões das mãos do empresário Marcos Valério  Foto: Carlos Humberto / STF/Divulgação
O advogado afirmou que Palmieri não recebeu, como afirma a denúncia, R$ 4 milhões das mãos do empresário Marcos Valério
O advogado Ronaldo Garcia Dias, defensor do ex-deputado Romeu Queiroz, afirmou que seu cliente recebeu dinheiro como representante do PTB e que não suspeitou da origem dos recursos  Foto: Fellipe Sampaio / STF/Divulgação
O advogado Ronaldo Garcia Dias, defensor do ex-deputado Romeu Queiroz, afirmou que seu cliente recebeu dinheiro como representante do PTB e que não suspeitou da origem dos recursos
O advogado Inocêncio Coelho chamou de anêmicas as provas contra seu cliente, o ex-deputado federal José Borba  Foto: Fellipe Sampaio / STF/Divulgação
O advogado Inocêncio Coelho chamou de "anêmicas" as provas contra seu cliente, o ex-deputado federal José Borba
O advogado Luiz Francisco Corrêa Barbosa, defensor do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) no processo do mensalão, fala à imprensa no Supremo Tribunal Federal (STF)  Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
O advogado Luiz Francisco Corrêa Barbosa, defensor do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) no processo do mensalão, fala à imprensa no Supremo Tribunal Federal (STF)
Ministros Marco Aurélio, Cezar Peluso e Ricardo Lewandowski acompanham sustentação oral dos advogados de defesa no processo do mensalão  Foto: Fellipe Sampaio / STF/Divulgação
Ministros Marco Aurélio, Cezar Peluso e Ricardo Lewandowski acompanham sustentação oral dos advogados de defesa no processo do mensalão

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