Segundo o
advogado, Delúbio Soares "se associou ao Partido dos Trabalhadores a fim
de realizar um sonho". O advogado de Delúbio Soares coloca a tese de que
houve, sim, caixa dois, e que seu cliente não nega este fato. "(O dinheiro
era transmitido 'em cash') porque era ilícito. O PT não podia fazer uma
transferência de dinheiro que não tinha entrado nos seus livros. Isso foi
assumido."
Malheiros
reafirma que não havia relação dos saques e dos pagamentos com as votações no
Congresso Nacional. "Se houve traição, o PT podia se dizer um traído
feliz. Porque quanto mais traído era, mais dinheiro mandava? É porque não há
relação entre as duas coisas", destaca. O advogado de Delúbio Soares
sustenta que o dinheiro em questão era para financiamento de campanha
eleitoral, e não para a compra de apoio político, como afirma a defesa.
"Setenta e nove parlamentares prestaram depoimentos nesses autos. Souberam
ou ouviram falar de recebimentos de recursos? Dezoito de 79. Informaram que os
recursos eram destinados para financiamento de campanha? Todos os 18.
Informaram que os recursos eram destinados a compra de votos? Zero."
Malheiros
entrega a versão impressa de seus slides - cuja projeção foi proibida - para os
presentes no plenário. O advogado de Delúbio Soares também cita a votação da
reforma tributária, que é colocada pelo Ministério Público como uma dos
exemplos de votações que teriam sido feitas com apoio pago pelo PT. "O PL,
cuja transferência seria suspeita, tendo três senadores (na bancada), um só
votou no primeiro turno e, no segundo turno, votaram dois", diz
Malheiros
afirma que não há provas contra seu cliente e que a acusação é "mal imputada".
"Não se diz o que em troca do que. Nada disso é detalhado. O que se põe
hoje, a pretexto de que a prova é difícil, é o acusado na prova diabólica, na
prova do negativo", afirma. Ele acrescenta também que "se toda a
benéfice dada a um funcionário público fosse corrupção, os ministros do Supremo
seriam todos condenados", citando que os integrantes do STF recebem, por
exemplo, livros jurídicos de editoras.
Segundo o
advogado, "um governo conquista solidez com a partilha do poder, não com
dinheiro". "Delúbio nunca se envolveu com essa questão do jogo
político. O problema dele era providenciar dinheiro para custear
campanhas", afirma. Ele fala sobre o acordo na campanha de que o PT
ficaria com 3/4 da verba, enquanto o PL ficaria com 1/4. "Na origem de
tudo, muito antes de haver um governo Lula, quando ainda se estruturava a chapa
que iria disputar a campanha, se forma uma aliança e se estuda a divisão de
verbas para custeio de campanhas", diz.
O
advogado de Delúbio Soares começa a relatar o que chamou de "semente"
do que hoje é o julgamento do mensalão. "Tudo começou na construção da
chapa Lula-Alencar", afirma. "Os dois, Lula e José Alencar,
continuaram trabalhando a aliança com o PL. Quando tudo parecia fechado,
amarrado, Alencar assinou a ficha do partido. Na última hora ainda houve
problema e quase tudo deu errado. José Dirceu e Valdemar Costa Neto chegaram a
redigir uma nota em que a aliança estava desfeita."
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