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segunda-feira, 2 de julho de 2012

Mulher de Cachoeira: ele não é bicheiro e vai falar o que sabe


Andressa Mendonça chamou a atenção ao comparecer à CPI do Cachoeira, que investiga o marido. Foto: Elaine Lina/Terra
 Andressa Mendonça chamou a atenção ao comparecer à CPI do Cachoeira, que investiga o marido
A mulher de Carlinhos Cachoeira, Andressa Mendonça, negou, em entrevista ao Fantástico, que o marido seja contraventor e afirmou que ele vai falar tudo o que sabe "no momento oportuno". Em maio, Cachoeira esteve na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista que leva o seu nome, mas exerceu o direito de ficar calado. "Ele disse para mim que tem muito o que falar, que ele quer contribuir. E pediu para falar para o Brasil que ele tem o que dizer", afirmou. "Meu marido não é bicheiro. O Carlos que eu conheço é empresário, faz consultoria para empresas. Trabalhou durante anos, aproximadamente 10 anos, com a loteria do Estado de Goiás. Trabalhou no ramo de medicamentos", disse. Andressa, que roubou os olhares durante a ida do marido ao Congresso, afirmou que o marido é um preso político. "Se não fosse preso político, não teriam criado a CPI com o nome dele", justificou. Ela também culpou a mídia por supostamente criar a imagem de que Cachoeira é um monstro. "Meu marido não é um monstro, é um homem de bem."
Segundo Andressa, Cachoeira, preso desde fevereiro, está deprimido e tomando medicamentos. Questionada sobre o motivo de o marido gravar seus encontros com autoridades - como em 2004, quando um vídeo no qual Waldomiro Diniz lhe pede propina deu origem ao escândalo do mensalão -, ela respondeu que Cachoeira quer "mostrar a verdade" e talvez "políticos que achacam empresários". "Meu marido não é chantagista", afirmou. Andressa ainda negou ser gastadeira, apesar de gravações indicarem que a conta de seu cartão de crédito em determinado mês chegou a R$ 62 mil, com gastos em Miami, nos Estados Unidos. "Pode ter acontecido, sim. Porque eu estava comprando roupas de cama, algumas coisas para casa", afirmou, se referindo ao imóvel que pertenceu ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), no qual Cachoeira foi preso. Segundo o arquiteto contratado pelo casal, eles gastaram R$ 550 mil na decoração. Andressa disse que a casa seria a residência provisória e que já saiu do imóvel, levando consigo a mobília adquirida.
Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.
Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.
Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.
Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.
No dia 25 de junho, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado aprovou a cassação de Demóstenes. Em decisão unânime, por 15 votos a zero, o colegiado aprovou o relatório do senador Humberto Costa (PT-PE), que recomendou a perda do mandato do senador. O parecer do Conselho de Ética deverá ser examinado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e, se aprovado, passará por nova votação no Senado, que poderá definir a cassação definitiva de Demóstenes.

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