Grazielly estava na areia da praia de Guaratuba, próxima ao mar, quando foi atingida pelo jet sky, por volta das 18h15 de 18 de fevereiro.
Testemunhas afirmaram que viram um adolescente conduzindo o jet ski. Ele teria perdido controle da embarcação, que seguiu desgovernada para a praia, atingindo a criança. Ela morreu de traumatismo craniano. A mãe da menina, a auxiliar de panificação Cirleide Rodrigues de Lames, de 24 anos, contou não ter escutado barulho, nem ter visto o jet ski se aproximar. Segundo a mãe, após o atropelamento, o adolescente pulou de veículo e deixou o local.
O dono da moto aquática é José Augusto Cardoso, 51, padrinho do adolescente de 13 anos que estava com o equipamento. Segundo o amigo do adolescente, que estava no momento do acidente, Cardoso autorizou ambos a pilotar.
Para o delegado Rony Oliveira, os quatro indiciados e o adolescente contribuíram para o acidente. José Augusto Cardoso, padrinho do adolescente e proprietário da embarcação, foi indiciado por ser “imprudente ao permitir que um garoto pilotasse a moto aquática”.
Segundo o delegado, o adolescente também “foi imprudente ao assumir a condução do veículo e principalmente ao não prender a presilha da chave [ou no colete salva-vidas, ou no pulso, como diz o manual]”. O laudo pericial anexado ao inquérito constatou que o adolescente deu a partida, chegou a pressionar a alavanca do acelerador, mas a moto aquática provavelmente disparou no mar.
Assim, se a chave estivesse presa com a menina, a moto aquática teria desligado. Cabe à Justiça definir se ele deve responder a medidas socioeducativas, que vão de advertência à internação.
A potência da moto aquática que atingiu Grazielly é um dobro do carro Vectra.
Sobre Thiago Veloso Lins, dono da náutica e o mecânico Ailton Bispo de Oliveira, responsáveis pela manutenção da moto aquática desde o primeiro semestre de 2011, o delegado considerou que "eles manifestaram imperícia ao não evitarem a oxidação do cabo da borboleta”. Segundo o laudo, a moto aquática estava em péssimo estado de conservação. O documento também indica que a oxidação contribuiu para que a aceleração da embarcação fosse maior.
O delegado disse que os dois estiveram na casa de José Augusto na quinta-feira anterior ao acidente, fizeram a manutenção da moto aquática e disseram que estava em boas condições de uso.
O caseiro Erivaldo Francisco de Moura abasteceu a moto aquática, conduziu até o mar e entregou a chave para o adolescente e por isso foi indiciado.
Omissão de socorro
O delegado disse que não vai indiciar a mãe do adolescente, que fugiu com o garoto de carro após o acidente, porque de acordo com os depoimentos ele chegou à conclusão de que logo após a morte da menina, os adolescentes saíram correndo em direção à casa do padrinho. Durante a fuga, teriam tentado linchar um dos garotos, mas uma pessoa interveio e impediu e eles chegaram à residência. Depois, de acordo com o delegado, houve invasão da casa da família, e que o caseiro foi agredido. Com isso, na primeira oportunidade que teve, a família foi embora com o carro.
O advogado da família de Grazielly Lames, José Beraldo, não concorda com a conclusão do inquérito policial. Para eles, todos que estavam na casa deveriam ser indiciados _a madrinha, a mãe, o outro adolescente, entre outros. “Nós vamos batalhar pelo dolo eventual, eles entregaram uma máquina mortífera na mão dos adolescentes”.
Beraldo vai pedir uma indenização para os pais do adolescente e outra para os padrinhos de R$ 5 milhões cada, totalizando R$ 10 milhões.
Fonte: Último Segundo, iG, Miséria
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