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sábado, 25 de fevereiro de 2012

OLHA O QUE CAIU DO CÉU EM DUAS CIDADES DO MARANHÃODO

OBJETO CAI DO CÉU
Objeto metálico foi encontrado após moradores ouvirem barulho (Foto: Max Mauro Garreto/Arquivo Pessoal)
Objeto foi encontrado após moradores ouvirem barulho
Um objeto que caiu do céu e assustou moradores de duas cidades do Maranhão na quarta-feira de Cinzas é provavelmente um tanque de um foguete utilizado para lançar satélites ao espaço, afirmou ao G1 o astronauta brasileiro Marcos Pontes.
O globo metálico foi encontrado por moradores de um povoado de Anapurus, a 280 km de São Luís, onde caiu a 6 metros de uma casa. A FAB (Força Aérea Brasileira) informou que vai investigar a origem do objeto.
G1 consultou especialistas em engenharia aeroespacial que afirmam haver grande possibilidade de a peça ser lixo espacial, assim como um pesquisador espacial ouvido pela agência russa Ria Novosti. Um centro de estudos espaciais americano previa a reentrada de um fragmento de foguete no dia 22 de fevereiro na atmosfera terrestre, próximo ao local onde a peça foi encontrada.
Segundo Pontes, que viu as imagens, "pelo tamanho, pelo aspecto, parece um tipo de um balão, um reservatório de algum tipo de combustível para controle de atitude [posição] de foguete ou de satélite", avalia o primeiro brasileiro a viajar para o espaço, em março de 2006. "Foguete é mais provável ainda. É a possibilidade mais plausível."
Segundo Pontes, "os tanques de nitrogênio [material usado para movimentar as válvulas de controle de combustível para foguetes de propulsão líquida] quase todos têm esse formato. Um globo é o mais lógico para manter pressão alta, como uma bolha de sabão, que fica esférica, com pressão para todos os lados. É a melhor forma de distribuição de energia", explica.
A Aeronáutica informou na tarde desta sexta-feira (24) que técnicos do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, foram até o local buscar a peça.
Alvoroço
O objeto, encontrado por um morador do povoado de Moraes, provocou alvoroço também entre os 10 mil habitantes de Mata Rosa, município vizinho. José Valdir Mendes, 46 anos, afirmou que a peça, do tamanho de um botijão de gás, com mais ou menos 30 kg, é oca e deixou um buraco de cerca de 1 metro em seu quintal.
“Escutei o barulho, tremeu até a perna. Fui olhar o que era. Pensei que era um avião que tinha caído, ou um terremoto”, contou. “Foi um alvoroço enorme aqui. Alguns com medo e receio com aquela história de 2012. Outros dizendo que era ‘alien’. Mas creio que é uma peça de satélite que caiu do espaço mesmo”, afirmou o professor Max Mauro Garreto, 25, morador de Mata Roma.
Internautas do G1 também enviaram suas hipóteses para o mistério: seria a bola um babaçu gigante, comum no estado? Uma bola que caiu da árvore de Papai Noel? A barriga da falsa grávida do interior paulista ou um ovo de coruja? Uma bola de um gol perdido do jogador Deivid ou um pênalti batido por Elano na Copa América? Alguns reclamaram ainda que o objeto errou o alvo e deveria ter caído em Brasília e muitos têm a mesma opinião de especialistas: seria um tanque de combustível de um foguete.
Lixo espacial
A agência de notícias russa Ria Novosti repercutiu o caso nesta sexta (24) e, segundo um especialista ouvido, a peça pertenceria a um foguete da família Ariane do consórcio espacial europeu Arianespace, responsável também pelo russo Soyuz e o italiano Vega. O foguete é lançado da base de Kuru, na Guiana Francesa, para colocar satélites em órbita.
A informação foi divulgada no site em francês da agência, que entrevistou o pesquisador espacial Igor Lissov. "Pode-se afirmar com alto grau de probabilidade que o balão esférico descoberto no estado do Maranhão é um fragmento do terceiro estágio do lançador europeu Ariane-4 lançado em 1997 do centro espacial de Kourou", disse Lissov. Segundo ele, comunicados entre pesquisadores norte-americanos confirmam a informação.
Trajetória.
A possibilidade de a peça pertencer a um foguete se explica, segundo Marcos Pontes, também pelo local onde o objeto metálico caiu e pelo estado em que foi encontrado. "A trajetória dele fica mais para o norte, ou seja, a peça teoricamente cairia no meio do oceano Atlântico. Seria mais provável. Mas pela proximidade, pode até ser de ele chegar por ali, no Maranhão", diz Pontes.
Além disso, explica ele, o foguete "sai do zero e passa por diferentes velocidades na atmosfera". "Esses objetos que estão no espaço em órbitas baixas, com o tempo vão perdendo velocidade e começam a reentrar. Sendo de um foguete, ele teria menos chance de queimar totalmente nessa entrada."
No Brasil, especialistas em engenharia aeroespacial afirmam que é difícil ter certeza absoluta sobre a origem da peça, mas que se trata, pelas circunstâncias, de lixo espacial. Segundo o coronel aviador da reserva Sebastião Gilberti Maia Cavali, que foi chefe da Divisão de Projeto Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial da Aeronáutica, não é uma peça de avião.
“De avião não é. Há várias hipóteses de ser um lixo espacial. É um reservatório de alguma coisa, de combustível, isso é certeza. Pode ser um lixo espacial de satélite ou de foguete, ou também podia estar em um balão, pode ter caído de algum outro equipamento”, diz.
De acordo com a Agência Espacial Europeia, os foguetes Ariane possuem tanques de combustível de titânio com um propelente chamado Hidrazina (N2H4). A imagem à esquerda é de um tanque do Ariane 5, um foguete que substituiu o Ariane 4. O G1 entrou em contato com a Arianespace para saber se a peça pertence ao foguete, mas ainda não obteve retorno.

Fonte: G1

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