DANIELA MERCURY HOMENAGEIA JORGE AMADO COM TEATRO E MÚSICA LÍRICA E ENFURECIDA GRITA NA AVENIDA
“Daniela levou para o Circuito Dodô um trio sem cordas na noite de sexta, quando fez seu primeiro desfile no Carnaval 2012.”
La Mercury interpreta 'Dona Flor e Seus Dois Maridos' em cima do seu trio.
Por Elenilson Nascimento
Eu não sou muito chegado á essa muvuca de Carnaval, muito menos em Salvador. Contudo, todos os anos, fico na expectativa para ver as “loucuras” da Daniela Mercury na avenida, a única que realmente me faz virar a cabeça para conferir alguma coisa. Esse ano, la Mercury levou para Circuito Dodô (Barra-Ondina) o seu trio sem cordas na noite de ontem, 17/02, quando fez seu primeiro desfile no Carnaval 2012. E não fez feio!
Indo de encontro com a sandice que impera na avenida, la Mercury surpreendeu quem não acreditava (*e também quem torceu para que tudo desse errado) que ópera tivesse a ver com a festa de Momo. A cantora colocou no “triatro” (trio elétrico de 3 andares) cantores líricos e atores para homenagear o centenário de nascimento de Jorge Amado.
Vestida de vermelho e encarnando a personagem Gabriela, la Mercury entrou na Avenida Oceânica ao som da ópera “O Guarani”, de Carlos Gomes, com a participação dos cantores Carlos dos Santos, Larissa Lacerda, Aisha Roriz, Virgínia Rodrigues e do sumido Edson Cordeiro.
O povo ficou meio embasbacado, mas foi ao delírio quando la Mercury abriu os caminhos do circuito com cânticos do Candomblé e as músicas “Maimbê Dandá”, “Oyá Por Nós” e outras músicas relacionadas a obras de Jorge Amado.
Se no ano passado teve confusão com um dos cordeiros do seu bloco (*ainda na concentração, um dos homens responsáveis pelas cordas do trio teve o seu abadá confiscado e foi afastado da função por supostamente assediar uma garota de 11 anos), esse ano la Mercury não poderia deixar passar sem um barraco básico. E, segundo várias fontes, nos bastidores da gravação do programa "Aprovado", da TV Bahia, no mês passado, la Mercury fez intervenções nuas e cruas sobre o atual Carnaval de Salvador, ao defender sua posição mais próxima ao que se convencionou chamar de axé.
Contudo, já com as câmeras desligadas, a conversa correu na informalidade, com divergências claras sobre o modelo da festa. Participavam da conversa os músicos Luiz Caldas, Durval Lélys e Saulo Fernandes, o professor Paulo Miguez e o apresentador Jackson Costa (*que atualmente retornou aos palcos com a peça “Los Catedrásticos”). E segundo o Portal Terra, o professor da UFBA, Paulo Miguez, prosseguiu com a discussão e afirmou que “o axé music só teria sido possível com a evolução do trio elétrico nos anos 70, com Moraes Moreira introduzindo o ijexá e com a existência da Tropicália”. Foi nessa hora que, la Mercury o interrompeu e se declarou de "saco cheio" dessa história: “Caetano e Gil são do passado”, opinou arrogantemente.
Não podemos afirmar aqui quais os comentários que realmente foram ditos, mas segundo o Portal Terra, houve outros momentos de constrangimento, depois de críticas de um dos participantes ao cantor Bell Marques (do Chiclete com Banana), o mesmo dos comentários infelizes a respeito ao uso das cordas no Carnaval, por ter passado na frente do afoxé Filhos de Gandhy, na Praça Castro Alves, no ano de 2006. E assim que Miguez terminou uma intervenção, la Mercury emendou: “Isso é porque você não sabe o que é ficar seis, sete horas esperando para entrar na avenida, ouvindo aquele cara (do Gandhy) tocar o agogô!”.
Paulo Miguez se revelou surpreso por ouvir essas palavras da cantora. "Aquele cara tocando o agogô é a história do carnaval", reagiu Miguez, segundo as fontes ouvidas pelo Terra. Para quem não sabe: além de comandar um trio, la Mercury organiza um camarote luxuoso no bairro da Barra.
E na noite de ontem, ao passar em frente ao Camarote Terra, la Mercury parou o show e
protagonizou umas as cenas mais ridículas até agora no Carnaval e Salvador: “Quando o Terra quiser falar comigo, fale pela frente! Não bote fofoca em sua revista!”, gritou do alto do trio. “Me respeite que eu não sou moleca! Fofoca é coisa do diabo. Quem é covarde fala por trás…”, gritou enfurecida.
Em seguida, incorporando Tieta e a canção que leva o nome da musa do agreste continuou no trajeto do seu trio. Ainda em frente ao Camarote Terra, o triatro foi palco para a encenação de trechos de obras de Jorge Amado. A morte de Vadinho, um dos maridos de Dona Flor, e o casamento de Gabriela puderam ser vistos em pleno Carnaval pelos foliões. E quem prestou atenção ainda viu a assanhada Dona Flor apalpar a bunda de Vadinho, sem vergonha da multidão que acompanhava o espetáculo.
Mas, só para deixar claro aqui, não eram fofocas, dona la Mercury. Paulo Miguez, professor da UFBA e ex-secretário de Políticas Culturais do ministério da Cultura liderado por Gilberto Gil, nesta mesma noite, depois do discurso enfurecido da cantora, confirmou o teor da reportagem e os diálogos ocorridos nos bastidores do programa “Aprovado”, da TV Bahia. “Eu estava no programa “Aprovado”, eu fui um dos que mantive aqueles diálogos com ela. Confirmo todos os diálogos, confirmo as minhas respostas, a interlocução foi exatamente aquela. Agora, só foram suprimidos alguns palavrões que ela disse, que vocês não publicaram porque certamente não ficaria bem serem publicados pelo Terra”, disse Miguez. Mas chega de falar de la Mercury! Abaixo mais fotos de alguns momentos legais no Carnaval de Salvador:


A dramatização em cima do trio de la Mercury ficou por conta dos atores Ricardo Bittencourt e Luiz Miranda, além do Edosn Cordeiro e bailarinos que acompanham e deram vida aos personagens de Jorge Amado.
Neste ano, o camarote Expresso 2222 presta homenagem a Luiz Gonzaga. Elba Ramalho e Del Feliz foram os convidados de Gilberto Gil para inaugurar a Varanda Elétrica.
Elba, Flora e Gil num beijo triplo. O cantor aproveitou para revelar:
"Nunca fui atrás do trio elétrico".
A cantora Gilmelândia surpreendeu muitos foliões ao desfilar com um seio à mostra. A ação visou levar conscientização a população a cerca dos perigos do câncer de mama.
Apesar do atraso, Moraes Moreira arrastou multidão na avenida.
Teve até música eletrônica, mais uma vez descaracterizando o Carnaval de Salvador,
com o DJ Bob Sinclair (*aquele que tem a cara de Jesus) puxando foliões.
Cortejo Afro protesta na avenida com bateria vestindo burcas e criticou a invisibilidade dos blocos afro. Além da banda Cortejo Afro, o bloco trouxe como convidados o cantor e compositor Gerônimo e a cantora baiana Cláudya Costta.
Linda (e insana) a Carla Perez, a eterna Cinderela baiana, animou a gurizada vestida de Rapunzel no seu bloco Algodão Doce.
As lindas gêmeas desportistas Bia e Biana Feres.
fotos: reprodução/iBahia"Nunca fui atrás do trio elétrico".

com o DJ Bob Sinclair (*aquele que tem a cara de Jesus) puxando foliões.
Fonte:Literatura Clandestina
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